domingo, 11 de novembro de 2018

Há uma linha que separa

Aquilo que eu sei que tenho de fazer, daquilo que o meu corpo "quer" fazer.
Pode parecer algo sem sentido, mas é assim que, ultimamente, sinto que está a acontecer.
Tenho um cérebro que sabe e percebe o que tem de fazer e depois tenho um corpo que me dá a sensação de não me pertencer, ou se me pertence não o conheço nem o consigo compreender.
É quase como se o meu corpo fosse um adolescente rebelde com a mania de que quer, pode e manda e o cérebro é aquela mãe que não percebe nada.
Este é um facto que realmente me entristece, pois tenho consciência que deveria ser um trabalho conjunto de corpo e mente e não o é.
Mais ainda pelo facto de não conseguir fazer com que, aqueles que vivam comigo, percebam que para mim também é complicado,até porque sou eu a dona deste corpo.
Eu também não compreendo como é que num dia sinto-me bem, tranquila e no outro o corpo está pesado e já não sabe como fazer cada movimento da forma mais natural possível.
Começo a achar que durante a noite alguém faz um Reset aos meus comandos e apaga tudo o que assimilei durante o dia.

Piadas à parte e, voltando à realidade não sou nem quero ser nenhuma máquina que executa apenas comandos gravados.

Quero sentir e viver com um corpo minimamente funcional (dentro das minhas limitações) em que cada parte "obedece" ao meu comando e cumpra com a sua função para deixar de me sentir estranha, dia sim dia não.

Gostava que não fosse pedir muito e até pode ser que, se se portar bem, comece a pensar que ele até é bonito!
Mas um dia destes a gente conversa sobre a minha, ou melhor, a relação do meu corpo com o espelho :)

sábado, 20 de outubro de 2018

A PC Não é nenhum "bicho de 7 cabeças"

Ao contrario do que muitos possam pensar e por isso lá vem o dia para lembrar.

Mais do mesmo, outra vez.
E pelos vistos vai ser preciso continuar a lembrar, porque ainda há profissionais de saúde que acham que isto é uma doença.
Ainda há pessoas que acham que ter paralisia cerebral é o mesmo que ser deficiente mental, incapaz de ser ou de fazer o que quer que seja.
E eu a achar, aqui do alto dos meus 28 anos, que já não ia ouvir semelhantes coisas (estou indecisa entre chamar peripécia ou barbaridade).
Bem, tem alturas que eu ignoro (dependendo de quem o diz ou até do meu estado de espírito), mas tem outras que eu só me apetece “saltar a tampa” e só não o faço, pelo local onde estou e porque não quero padecer de falta de respeito.
Sendo eu, um exemplo vivo de que uma pessoa com PC pode fazer uma vida normal dentro das suas limitações, fico extremamente zangada quando vejo qualquer profissional (de qualquer área) a ser o primeiro a desistir de uma criança, sem se preocupar em explorar as suas capacidades.

É fácil? Não!
É preciso perder tempo? Sim, e muito!
É preciso Paciência? Imensa (Até ao infinito e mais além) :D
E grandes doses de motivação (como qualquer ser humano precisa para alcançar os objectivos) e, digamos que eu não fujo à regra.

Mas se os meus pais não fossem à procura de mais respostas, se os meus pais não explorassem a minha inteligência e apenas se resignassem com as palavras de um médico, provavelmente estaria “presa” a uma cadeira de rodas e não teria a independência que tenho hoje e não teria conquistado coisas que aos olhos de muitos continua a parecer um feito extraordinário, como o fato de conduzir um carro e de ter um trabalho.

A PC é uma condição para a vida toda, por isso mesmo continuo o trabalho para manter o que consegui até agora e sempre com predisposição para aprender (como se fosse a primeira vez), porque nunca é tarde para o fazer e não há uma idade limite para se adquirir competências.
Enquanto tiver quem aceite trilhar este caminho de luta diária por melhores condições e independência, eu continuarei a caminhar e a provar que, nem diagnóstico, nem uma condição tem de ser sinónimo de um rótulo “tipo chapa 5”, para o resto da vida.
Que os pais nunca se cansem de procurar o melhor para os vossos filhos.

"CATIVA-ME, MOTIVA-ME E VERÁS ATÉ ONDE SOU CAPAZ DE IR"

sábado, 14 de julho de 2018

Felicidade

Mais do que ter. eu quero ser!
Alguém capaz de acordar todos os dias com vontade,
De fazer algo para que esse dia seja melhor do que ontem,
Agarrando o presente com olhos postos no futuro.

Consciente de que esse amanhã será o reflexo das minhas acções,
Enquanto tiver vontade de viver,
Enquanto for capaz de lutar,
Acreditando que o esforço conduz ao sucesso,
Poderei não ter muita coisa,
Terei, certamente, razões para me sentir feliz.

domingo, 17 de junho de 2018

E os 28 batem à porta...

E a mim ainda me custa acreditar.
Eu bem sei que os anos andam e que, a partir de uma determinada altura, passam a correr e nem nos damos conta.
A verdade é que houveram momentos em que eu não imaginei estar a viver como nos últimos dois anos, de uma forma tão intensa e tão livre.

Acordar de manhã e perceber que a minha vida é tão comum como o de outra pessoa qualquer deixa me radiante.
Saber que tudo o que tenho, tem a marca do meu empenho e da dedicação de todos os que comigo caminharam e caminham hoje, motiva me ainda mais.
Mas isto são tudo etapas de construção de uma independência com a qual sempre sonhei.

Se nem tudo correu como esperado, claro que não!
Tomei decisões erradas, claro que sim!
Mas ser adulta e independente é isso mesmo. É ter a capacidade de tomar decisões e de dar a volta por cima quando não é o que se espera.
Tudo isto são etapas carregadas de ensinamento para nos fazer crescer e amadurecer.
Podia ter-me resignado? Podia, mas não foi assim que moldaram o meu carácter.

Aceito-me, sim, como sou e aprendi a lidar com isso.
Mas não desistirei de lutar por mim todos os dias, de dar o meu melhor, não só em sinal de admiração e respeito por todos aqueles que fizeram de mim o que sou hoje, mas também porque gosto de mim e quero ser capaz de concretizar todos os meus sonhos.

terça-feira, 1 de maio de 2018

O bom profissional

Hoje celebra-se o dia do trabalhador, embora isso somos todos, uns mais outros menos. Mas hoje também se celebra o dia de S. José Operário. E neste caso acredito que se possam contar pelos dedos aqueles que são dedicados, zelosos, e que tentam dar sempre o seu melhor a cada dia, à semelhança de S. José.

Por isso considero mais do que justo e merecido prestar-lhes um agradecimento.
Obviamente que há profissões com as quais estou mais habituada a lidar com mais regularidade e daí ter uma maior percepção de quem é ou não bom profissional.

Porque o que define um bom profissional vai muito além de cumprir horários.
Um bom profissional: aceita qualquer desafio, por mais difícil do que possa parecer, tentando sempre dar o seu melhor.
vai à procura de respostas no sentido de tentar sempre a melhor a solução
desempenha as suas funções com dedicação
transmite alegria.

O meu obrigada a todos aqueles que nos recebem com um sorriso rasgado mostrando que o trabalho não é um fardo, mas sim puro prazer.
Obrigado pela dedicação que aplicam pois assim conseguem com que nos sintamos todos motivados a dar o nosso melhor.

UM FELIZ dia para todos vocês





segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

O MEU OUTRO LADO

Porque o blog não contem apenas textos alegres ou motivacionais, também devemos escrever sobre aquilo que nos magoa ou nos entristece. Comecemos pelo princípio.

Ao longo dos anos fui conquistando a minha independência nas suas mais variadas formas e, é esta independência que me faz viver em pleno pois, aqui encontra-se, não só o meu empenho, mas também, o trabalho que todos os que comigo fizeram esse caminho e, longe de mim querer desperdiça-lo.

Nestas semanas que passaram, por motivos de força maior, vi-me privada dessa minha independência no sentido em que não podia fazer o que mais gosto que é conduzir, fazer desporto, a pausa do café com a minha família. São estes pequenos momentos no meu dia a dia que me dão prazer que me fazem sorrir e, por isso valorizo muito.

Esta privação, somando ainda, algumas atividades de vida diária condicionadas, fizerem ressurgir um sentimento de medo que eu, sempre tive, mas que achava que tinha ficado escondido e adormecido a quando de todas estas conquistas.

Eu mesma não consigo explicar muito bem que género de medo é. Só consigo dizer que me causa arrepio e pavor, só de pensar que um dia posso direta ou indiretamente deitar por terra tudo o que hoje tenho, tudo o que consigo fazer.

Nestes dias percebi que há outra Cristiana que eu não sabia que existia dentro de mim. Uma pessoa com pouca ou nenhuma paciência para contratempos, uma pessoa mal-humorada perante a vida e que descarrega a raiva e a frustração nas pessoas que lidam de perto com ela.

Imagino que isso deva magoar quem gosta de mim, mas espero que compreendam que não foi por mal que agi assim. Mas já me custa imaginar sem esta minha liberdade que fui construindo e lutando ao longo dos anos.

Era mais fácil se o medo fosse já embora.
Era mais fácil se tivesse mais paciência.
Com motivação ...
Tudo se tornaria mais fácil