sexta-feira, 29 de maio de 2020

A EM – A DOENÇA MATREIRA



Podes ter um nome comprido Esclerose Múltipla, mas para mim És Matreira! Queres saber porquê?
Tocaste à campainha em Setembro de 2018. Eu sentia-me estranha e não percebia porquê. Pedia ajuda e ninguém me sabia ajudar. Interligavam simplesmente á minha PC, mas sem nenhuma explicação em concreto. Outros diziam que eu tinha simplesmente preguiça e não queria andar. A minha vontade era rebentar!!!.
3 meses mais tarde, ao tratar algo aparentemente simples tu foste-te embora, assim da noite para o dia, e eu voltei ao normal como se nada tivesse acontecido.
Eu desconfio que sorrateiramente me quiseste voltar a pregar uma partida em Março de 2019, mas, mais uma vez, ninguém desconfiou de ti. Alguém disse que tinha de consultar um psiquiatra e deixar o desporto!
Não podia ser! Eu recusava-me a acreditar que não havia explicação para o que me estava a acontecer! Ainda bem que fui bem aconselhada a não deixar o desporto!
Quando eu pensava que nada de tão mau ia voltar a acontecer, no final de Maio de 2019 voltaste com força, mas desta vez não me apanhaste desprevenida, antes de me veres cair eu antecipei-me.
Em Setembro desse ano consegui ajuda, mas essa ajuda deu cabo de mim, porque falou na possibilidade de vir a ter de lidar contigo o resto da minha vida.
A ideia que eu tinha de ti era que deixavas as pessoas de incapacitantes e dependentes dos outros até ao fim da vida. E eu não queria isso para mim!
Não depois de todo o esforço para conquistar tudo o que tenho!
É que, antes de tu chegares, eu já vivia com alguém que condiciona a minha vida (de alguma forma) mas, ao contrário de ti, ela não chegou sem aviso, ela praticamente nasceu comigo e eu conheço-a tão bem como me conheço a mim. Agora a ti? Eu nunca sei com o que posso contar, contigo tenho de olhar sempre por cima do ombro.
Mas vou contar-te uma coisa: Quando era quase certo que eras tu que ias passar a viver comigo eu só pensava que tinha de haver pelo menos uma coisa boa, por mais pequenina que fosse, no meio disto tudo. E houve!
Eu posso continuar a conduzir, a trabalhar, a praticar desporto, e escreve o que eu te digo:
Enquanto eu tiver, Força, Foco e Fé eu não vou deixar que tu me roubes nada do que eu consegui até agora e o que ainda vou conquistar ao longo da minha vida.
E um dia Deus vai dar aos homens inteligência suficiente para encontrarem a cura, para nos livrarmos de ti, e tu nunca mais vais poder roubar a liberdade de movimentos a ninguém! E acredita que já faltou mais.
Tu tiras-te me o tapete, fizeste-me parecer que o chão era demasiado escorregadio, que eu jamais ia conseguir levantar, mas tu não sabias que para eu conseguir estar como estou hoje, aprendi a levantar-me as vezes que foram precisas e,  enquanto eu mandar na minha casa (corpo), tu não vais conseguir levar a melhor!
A tua nova Senhoria

Cristiana

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Cuidar com o coração, ninguém está sozinho!


Esta é a frase que melhor define a minha última experiência com estes profissionais!
Tenho de confessar que nunca gostei de enfermeiros, batas brancas agulhas.
Infelizmente já me cruzei com muitos e mais pareciam que eram “obrigados” a desempenhar aquelas funções e poucos espelhavam amabilidade por quem estava aos seus cuidados, principalmente crianças. Tinha esta ideia até ter vivido a última experiência hospitalar.
Quando menos esperava fui lá parar. Pela primeira vez fiquei sozinha, com receio, sem saber o que ia acontecer. Nunca tive uma estadia tão longa 17 dias.
Eu sei que já tenho quase 30 anos e que supostamente não devia ter medo de estar sozinha, mas desculpem que vos diga, quando se entra no hospital voltamos a sentir-nos frágeis, como autênticas crianças que necessitam de cuidados, amparo, consolo, força, mimo….
E foi isto que eu encontrei. E por isso hoje quero agradecer a todos os enfermeiros do Serviço de Neurologia do Hospital de Guimarães por cada um deles ter sido a minha mãe e o meu pai em todos os dias que lá estive. A amabilidade com que me receberam, com que me explicaram cada procedimento, as mil e uma maneiras que arranjaram para que eu conseguisse fazer tudo e acima de tudo a paciência para estarem sempre atrás de mim para fazer as medições diárias, porque a menina pegava no seu “Ferrari” e arranjava sempre um motivo para nunca estar no quarto :D
Graças a eles, procedimentos como por exemplo tirar sangue nunca mais foram stressantes e aprendi uma nova forma de tomar antibióticos sem que isso pareça um “filme”.
O MEU GRANDE OBRIGADA POR TUDO! <3